A importância da afinação do rácio peso e potência no ciclismo

A procura pela melhor performance leva os atletas a ambicionarem ser mais leves, com o intuito de procurar reduzir o excesso de peso supérfluo que influirá negativamente na capacidade de rendimento desportivo.MartinBike

O fator peso corporal

É inegável que, tal como acontece nos veículos motorizados, à medida que aumenta a potencia e diminui o peso total, aumenta proporcionalmente a capacidade de deslocamento, a velocidade, a aceleração… no ciclismo, isto é tudo mais visível nas zonas mais discriminantes de uma prova, como é o caso das passagens de montanha. A diminuição do peso total do binómio ciclista-bicicleta, vai diretamente  necessitar de menos força para o tal binómio se deslocar. Quer isto dizer que, entre ciclistas com similar capacidade  física, o que for mais leve será o que conseguirá mais facilmente superar a adversidade de uma subida mais acentuada e exigente.

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A diminuição do peso total irá repercutir uma menor necessidade de energética para se fazer deslocar. Ou por outro lado, com um similar gasto energético, o atleta mais leve conseguirá deslocar-se nestas subidas mais íngremes com maior velocidade.

 

A potência

No ciclismo, traduz a força que empregamos em cada ciclo de pedalada. Corresponde à capacidade de esforço, sendo o resultado do treino físico especifico. Quando maior for o valor de potencia, normalmente mais forte o ciclista será. Porém, e à medida que o terreno em que o ciclista se desloca fica mais acidentado e se acumula um maior acumulado positivo, é necessário associar à potência um menor valor de peso corporal, por forma a mais facilmente superar a contrariedade da força de gravidade.

 

Os exageros

A ânsia de alcançar valores cada vez menores de peso corporal, leva muitos ciclistas (profissionais e amadores) a atingir valores demasiado baixos que acabam por comprometer a capacidade de rendimento físico. Normalmente, estes casos estão associados a dietas extremas e não estruturadas de acordo com as necessidades calóricas de uma modalidade tão exigente e desgastante como é o ciclismo. O défice de aporte de hidratos de carbono é usualmente o principal handicap detectado na distribuição nas refeições ao longo do dia. Assim, o que deveria ser o nutriente por excelência e com mais peso nas necessidades do atleta, é muitas vezes preterido erroneamente. Além dos hidratos de carbono serem o combustível mais utilizado como fonte de energia direta, o seu consumo diário em quantidades consideráveis e de acordo com o impacto de cada treino é crucial para ajudar quer na recuperação pós-exercício, quer no abastecimento das reservas energéticas a nível muscular, de forma a que o atleta tenha sempre as suas “baterias” carregadas.

O baixo peso corporal, além de estar intimamente ligado a um baixo percentual de massa gorda, nos casos extremos está também associado a valores de massa muscular mais reduzidos, em relação ao normal. Uma menor secção de músculo será inevitavelmente menos capaz de produzir força, conduzindo o atleta a uma diminuição da sua capacidade de produção de força, nomeadamente quando esse decréscimo de massa muscular está localizados nos segmentos corporais responsáveis pelo gesto técnico.

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Relação peso-potência

Este rácio traduz o que vale um atleta e é a base para estipular os objectivos a alcançar no tempo. É com base nas avaliações periódicas dos atleta que o mesmo preconiza as metas a alcançar em cada um destes parâmetros. Um não deve ser analisado em detrimento do outro, pois a óptima combinação entre ambos que repercutirá num melhor desempenho e traduzirá a eficácia do treino.

Atualmente a potência é facilmente avaliável em laboratório ou no terreno e, qualquer ciclista (mesmo amador) que ambicione crescer na modalidade já não dispensa a análise sistemática destes valores e o recurso ao trabalho com potencia no seu dia a dia.

 

Recomendações

O treino é muito mais do que apenas uma forma de queimar calorias e melhorarmos a nossa prestação físico-motora. O mesmo traduz uma agressão às nossas estruturas músculo-tendinosas, articulações e à nossa fisiologia, que irão obrigar a uma reorganização interna de todos os “sistemas” afectados de forma a repor a plena funcionalidade do corpo humano.

Exemplo:

Após um treino mais extenuante ficamos com dores musculares que podem surgir alguns minutos após o exercício e perdurar durante 1 ou 2 dias. Estas dores correspondem a múltiplas pequeníssimas rupturas musculares, provocadas por cargas de treino que superaram a intensidade a que o nosso organismo estava habituado. Após essa recuperação estaremos novamente 100% capazes a nível motor. A sucessiva combinação de cargas desta envergadura conduzirá o atleta à evolução.

Para que estes “estragos” sejam prontamente repostos, devemos procurar uma óptima dinâmica entre treinos (intensidades e durações), nutrição e descanso. É esta combinação que repercutirá numa melhoria significativa das capacidades de um atleta. Dietas drásticas e cargas de treino desmesuradas significam uma maior e mais significativa deterioração das estruturas corporais que pode não ser reversível entre sessões de treino e conduzir o atleta para o abismo.

O acompanhamento de um profissional com formação superior em Nutrição e Desporto, serão certamente o melhor auxilio em caso de duvida. Retirar opiniões com amigos, curiosos do treino, ex-atletas e outras pessoas sem conhecimento concreto, poderão agravar a situação, pois um mau conselho ou mal fundamentado é normalmente o bom alicerce no entrave à evolução.Power-Weight

 

Bons Treinos!

Tiago Aragão

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